Texto de referência
Aprender e ensinar Geometria: um desafio permanente
Regina da Silva Pina Neves
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Introdução
Pesquisadores em Educação Matemática têm buscado, nos dias atuais, novas estratégias para o ensino e para a aprendizagem da geometria. O objetivo desses estudos é a democratização do acesso a esse saber, haja vista o consenso entre docentes e discentes
em relação à sua não-aprendizagem pela maioria dos que iniciam seu estudo. Diante
dessa problemática, acompanhamos discussões e sugestões acerca da utilização de diversos instrumentos mediadores, desde o uso da dobradura até os softwares educativos.
Essa diversidade tem como função criar o maior número possível de situações de aprendizageme, com elas, oferecer diferentes representações de um mesmo objeto geométrico, aumentando as possibilidades de acesso ao saber geométrico.
Considerando essa situação, faz-se necessária a organização constante de redes de
discussão e ação entre professores, futuros professores e pesquisadores a fim de se
planejar, testar e propor situações de aprendizagem em geometria que valorizem a multiplicidade de instrumentos mediadores e a construção de conceitos, sendo esses, importantes ferramentas para a resolução de situações-problema.
O estabelecimento de tais redes apenas será possível com a divulgação de estudos
já realizados, bem como, de estudos em andamento. Ampliando assim, a informação
quanto à temática entre os professores de matemática e a comunidade em geral. Deste
modo, o presente texto visa fomentar o debate, estabelecendo possibilidades de conhecimento, discussões e novas ações na prática pedagógica da geometria.
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concentração Educação Matemática e Novas Tecnologias pela Universidade de Brasília. É docente na Fajesu nos cursos de Pedagogia e
Matemática e Consultora do Programa Gestar – Formação de Professores de Matemática do MEC.
1. A geometria como conhecimento matemático: origens e trajetória
Desde os tempos mais remotos, o homem já se inquietava com os fatos matemáticos,
lançando-se em um caminho de descobertas e de dúvidas. Da noção de número ao
cálculo infinitesimal, às geometrias não-euclidianas, construiu seu saber por meio de
erros e acertos. Saber esse questionado em épocas posteriores e muitas vezes posto em
terra; em algumas delas, apenas tratavam-se de batalhas intelectuais sem consenso.
Assim, os conhecimentos foram colocados à prova quando novos problemas surgiram,
imprimindo um movimento de permanente construção do saber matemático concebido
pelo homem.
Analisando essa construção, observa-se que, para a civilização egípcia, a matemática
apresentava caráter estritamente prático e imediato. Os conhecimentos matemáticos, em
especial os geométricos, foram gerados tendo uma aplicação motivadora para a descoberta
e a validação, mas nem todas as civilizações tiveram problemas imediatos como motivadores.
A civilização grega, por exemplo, devido à sua estrutura política e organizacional,
ofereceu aos pesquisadores em matemática outra possibilidade de concebê-la, partindo do
plano prático imediato para o abstrato futuro em que a aplicabilidade não estava visível.
Desse modo, retratando a concepção dos povos que a tomaram como desafio, a matemática
foi se desenvolvendo, tendo como alicerces “concepções” que influenciaram e influenciam
a pesquisa matemática e a prática docente da atualidade.
No longo caminho em busca dos alicerces para a pesquisa matemática, três correntes
consolidaram-se com diferentes concepções de Matemática.
“O
o
esses símbolos. Dessa forma, o fundamento da Matemática constitui uma coleção de símbolos e um conjunto de operações feitas com eles.” (Pavanello, 1989).
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